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A Febre Amarela em Minas
A Febre Amarela é uma doença febril aguda, causada por um arbovírus transmitido pela picada de mosquitos. Sua letalidade pode chegar a 50% em casos graves.1
A doença pode ocorrer no em dois ciclos: silvestre e urbano. No silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores dos vírus, porém não são transmissores da doença. Os vetores são mosquitos de hábitos estritamente silvestres (Haemagoggus e Sabethes) e o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar em matas sem imunização e proteção devidas. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de Aedes aegypti infectados.1,2
Em Minas Gerais, o último caso humano autóctone de FA silvestre havia ocorrido em 2009, no município de Ubá. Porém, até a semana epidemiológica 10/2017, foram notificados mais de mil casos suspeitos, sendo 310 confirmados em 49 municípios, além de 120 óbitos associados à doença. Na faixa etária pediátrica, crianças e adolescentes entre 10 a 19 anos foram os mais acometidos (4,8% dos casos confirmados).2,3
A principal forma de prevenção é a vacinação, em conjunto a medidas de proteção individual contra mosquitos, como uso de roupas que promovam cobertura adequada de membros e pescoço e uso de repelentes.
Esquema vacinal
Ate março de 2017, o esquema vacinal de rotina para febre amarela era composto por uma dose aos nove meses e um reforço aos quatro anos de idade, sendo considerados imunes pacientes que já haviam recebido duas doses da vacina ao longo da vida. Em abril deste ano, o Ministério da Saúde, em consonância com a orientação da Organização Mundial de Saúde, recomenda a dose única de vacina contra febre amarela.5,6
A dose de reforço não é mais recomendada, pois 99% das pessoas que recebem uma dose adquiriram imunidade protetora em torno de 30 dias após a vacinação. Desta forma, a vacinação de rotina contra a doença, recomendada pelo Programa Nacional de Imunização, passa a ser dose única aos nove meses de idade.5
A vacinação é contraindicada para crianças menores de seis meses e mães que amamentam estas crianças, pacientes com histórico de reação anafilática a componentes da vacina ou a dose anterior, doença do timo e imunossupressão grave. Lactantes que estejam amamentando crianças menores de seis meses de idade e forem vacinadas inadvertidamente devem suspender a amamentação por 10 dias. 2,4
Tabela 1 – Recomendações da vacina contra FA para crianças, em Minas Gerais, 2017.
Idade |
Conduta |
Entre 6 e 8 meses | Não administrar vacina. Para as crianças que receberam uma dose entre 6 a 8 meses, deve-se administrar a dose de rotina aos 9 meses |
Crianças de qualquer idade, que receberam uma dose de vacina, comprovada em caderneta de vacinação | Considerar imunizadas |
Crianças acima de nove meses, que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação | Administrar dose única da vacina |
Fonte: Adaptado de SMSA – BH, 2017.7
A ocorrência da epidemia de febre amarela em MG sinaliza a necessidade de melhorar a vigilância da doença, mantendo atitude de alerta frente a pacientes com quadro clínico sugestivo, promovendo educação continuada e intensificando a vacinação nas populações suscetíveis nas áreas de risco. Aos profissionais de saúde que lidam com crianças, é imprescindível a ação preventiva contínua, especialmente direcionada à conferência e atualização da situação vacinal nas consultas de puericultura e à disseminação da informação correta para os pais e responsáveis.
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Referências:
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, 8ª edição, rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
- Minas Gerais. Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Manejo Clínico – Febre Amarela. Fevereiro/2017. Acesso em 10/02/2017. Disponível em: http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/Manejo%20Clinico%20Febre%20Amarela%20SES-MG_03-02-2017.pdf
- Minas Gerais. Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Informe Epidemiológico da Febre Amarela (14/03). Acesso em 20/03/2017. Disponível em: http://www.saude.mg.gov.br/images/Atualiza%C2%BA%C3%BAo_FA_-_14mar2017.pdf
- Sociedade Brasileira de Infectologia. Febre Amarela – Informativo para Profissionais de Saúde. São Paulo (2017). Acesso em 30/01/02017. Disponível em: https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2017/01/Informativo_Febre_Amarela_Profissionais_de_saude.pdf
- Brasil. Ministério da Saúde. Nota Informativa n° 94/2017 – SVS/MS. Orientações e indicação de dose única da vacina febre amarela, Brasil, 2017. Brasília, 05 de abril de 2017.
- Organização Mundial da Saúde. Febre Amarela. Ficha descritiva [Atualização Maio 2016]. Acesso em 12/04/2017. Disponível em http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs100/pt/
- Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. Nota Técnica 06/2017 – CIEVS/GEEPI/GVSI. Atualização das orientações de vacina de Febre Amarela em Belo Horizonte – recomendação de dose única. Belo Horizonte, 12 de abril de 2017.
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